20 de outubro é o Dia Nacional das Linhas de Torres
// 20-10-2014
A Assembleia da República deliberou, por unanimidade, instituir o dia 20 de outubro como o Dia Nacional das Linhas de Torres. Para os Municípios de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, tal representa o reconhecimento deste património identitário comum que constitui, simultaneamente, um singular produto turístico.
Fortificações provisórias, erguidas em tempo recorde com recurso à força de trabalho de cerca de 150 mil portugueses e implantadas em áreas com forte pressão antrópica, as Linhas de Torres estabeleceram um ponto de viragem na história das Campanhas Napoleónicas, assumindo grande relevo quer para a História de Portugal, quer para a História Contemporânea Mundial.
“A criação do Dia Nacional das Linhas de Torres propõe ser uma justa homenagem à memória e resistência do povo português aliada à estratégia e engenharia militar. Ao espírito de sacrifício de todos aqueles que lutaram contra o invasor fosse integrando o exército aliado, construindo as fortificações ou abandonando as suas casas e destruindo os seus bens, privando o exército invasor de se alimentar no terreno, mas, também, pondo em causa a subsistência dos compatriotas e o futuro do país”, pode ler-se no projeto de resolução hoje aprovado.
A escolha do dia 20 de outubro deveu-se ao seu simbolismo, já que foi nesta data que a estratégia defensiva das Linhas de Torres começou a ser desenhada no terreno: “20 de outubro [de 1809] é a data do memorando que o Lord Wellington dirigiu a Richard Fletcher ordenando o reconhecimento do terreno e a fortificação dos pontos mais convenientes e defensáveis, criando um sistema de defesa a norte de Lisboa”.
O deputado António Rodrigues, na sua declaração de voto, começou por saudar os representantes da Rota Histórica das Linhas de Torres presentes e realçou três aspetos fundamentais que levaram à criação deste Dia Nacional: a importância das Linhas de Torres nas relações Portugal – Reino Unido; a cooperação entre seis municípios liderados por diferentes forças políticas; e a unidade de vontades que reúne autarcas e deputados.
ROTA HISTÓRICA DAS LINHAS DE TORRES
As Linhas de Torres constituem um sistema complexo, cobrindo uma distância total de cerca de 100 kms, que compreende fortes, fortins, redutos, estradas militares e escarpamentos.
Como defesa, as linhas foram inteiramente bem-sucedidas, mas foram abandonadas por quase 200 anos, até à apresentação do projeto da
Rota Histórica das Linhas de Torres.
O projeto, desenvolvido pela Plataforma Intermunicipal das Linhas de Torres (constituída pelos Municípios de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira), teve um custo total aproximado de 6 milhões de euros, sendo que cerca de 2 milhões de euros foram cofinanciados em 74,11% pelo EEAGrants, e contou com o acompanhamento técnico do IGESPAR e apoio do Exército. Teve execução no período de 2007 a 2011 e os seus objetivos centrais foram salvaguardar, recuperar e valorizar uma componente significativa do património arquitetónico/militar integrante das Linhas de Torres Vedras, criando uma rota turística de excelência.
Neste âmbito, o projeto implicou extensas pesquisas e investigações arqueológicas, remoção de vegetação e obras de restauro. Cerca de 30 obras militares foram restauradas e foram implementados 6 centros de interpretação em diversos pontos, ao longo das linhas. Além destas ações, foi criada a Grande Rota das Linhas de Torres (GR30) e 6 percursos de visita do complexo militar.